Revista F@ro Nº2

Comunidades em Redes Sociais na Internet: Um estudo de uma rede pró-ana e pró-mia

Raquel da Cunha Recuero 1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Brasil
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Resumo: O presente trabalho busca estudar uma rede social pró-anorexia e pró-bulimia que se estabelece através de weblogs, através de elementos propostos em trabalho anterior (Recuero, 2005a). De acordo com o modelo, o estudo da organização, da estrutura e da dinâmica dessas redes, auxilia a perceber como o grupo estabelece e mantém sua estrutura da comunidade no ciberespaço. A partir daí, procura-se compreender como a rede estudada estabelece esses elementos e os utiliza para o contato via comunicação-mediada por computador.

Palavras chave: Rede social- anorexia- bulimia-weblogs-comunidade-ciberespaço

1. Introdução

O presente trabalho busca estudar uma rede pró- ana e pró-mia2 brasileira a partir dos elementos propostos em artigo anterior (Recuero, 2005a), visando observar elementos que possam indicar que tal rede constitua-se em uma comunidade virtual. A comunicação mediada por computador, enquanto forma inicialmente anônima de interação social, proporciona a esses grupos "marginais" a oportunidade de organizar-se de modo discreto, fundamental para que suas iniciativas continuem desconhecidas de sua vida offline. O trabalho procura, assim, debater  (1) como essas estruturas sociais podem ser estudadas através da abordagem de redes sociais proposta e (2) como essas estruturas denominadas comunitárias auxiliam que tais redes possam ser mantidas através do suporte que, sem a mediação da máquina, não seria possível.

2. Objeto e Método

Os weblogs (ou "blogs", simplesmente) constituem-se no objeto deste trabalho, pois são o suporte da comunicação mediada por computador estudada. De acordo com Rebeca Blood (2002 e 2003), a idéia de weblog remonta ao início de 1999. Eles se caracterizam, principalmente, pela forma, baseada em microconteúdo, na organização cronológica e na freqüente atualização e são populares pela facilidade de publicação na Internet (dispensam o conhecimento de ferramentas como o HTML3 , e simplificam o processo de construção de um site pessoal). Os blogs são, assim, herdeiros das páginas pessoais, com mais dinamismo e mutabilidade e muitos contam com uma ferramenta que permite aos leitores manifestarem-se através de comentários.

Para este trabalho, foram inicialmente estudados os weblogs referenciados no site Pró-Anorexic Brasil4 , que demonstavam alguma conexão entre si. A partir desses blogs, foram estudados os comentaristas freqüentes e as trocas em seus vários weblogs de forma que novos blogs eram acrescentados à pesquisa, até chegar-se ao número de 23, que foram então, observados diariamente.Os weblogs representam plataformas de interação, que as garotas utilizam para trocar informações e manter suas redes sociais.

O método utilizado para o estudo do grupo social foi a observação diária, através da busca de padrões de interação e regularidades, durante os meses de fevereiro, março, abril e maio de 2005, em uma tentativa de compreender como essas redes estabeleciam-se e a importância das interações nessas comunidades. Após, o modelo de análise (Recuero, 2005b) foi, então, aplicado a esses blogs, visando apresentar particularidades da estrutura desta rede.

3. A Abordagem de Redes e as Redes Sociais

Os primeiros passos da teoria das redes encontram-se principalmente nos trabalhos do matemático Ëuler que criou o primeiro teorema da teoria dos grafos5 . Em cima dessa nova idéia, vários estudiosos dedicaram-se ao trabalho de compreender quais eram as propriedades dos vários tipos de grafos e como se dava o processo de sua construção, ou seja, como seus nós se agrupavam (Buchanan, 2002; Barabási, 2003 e Watts, 2003 e 1999).  A abordagem percebe a natureza dessas redes através de três princípios fundamentais (Thacker, 2004a, p.5): a) a conectividade ("everything is connected, nothing happens in isolation"6 ); b) a ubiquidade ("conectedness happens everywhere, and it is a general property of the world"7 ); e c) a universalidade ("networks are universal and their general abstract properties can explain, describe and analize a wide range of phenomena"8 ). Através da proposição de modelos de análise (como o modelo de "redes igualitárias" de Ërdos e Reyni; modelo de "mundos pequenos" de Watts e Strogatz; ou o modelo de "redes sem escalas" de Barabási e Albert9 , por exemplo), seus teóricos clamam pela aplicabilidade destes em todos os campos da ciência, como as formas de compreender os "padrões de rede", de um modo especial, à própria Internet e às redes sociais que ali se constituem. Na sociologia, a teoria dos grafos é uma das bases do estudo das redes sociais, ancorado na chamada Análise Estrutural (Degenne e Forsé, 1999), proveniente das décadas de 60 e 70, que dedica especial atenção à análise das estruturas sociais. Com o ressurgimento da abordagem de redes em outras ciências, com modelos que são também aplicados às redes sociais,  toda uma nova abordagem, mais mista, reaparece nas ciências sociais.

Em trabalho anterior (Recuero, 2005a), foi proposta uma forma de estudo das redes, que mescla elementos da "ciência das redes", da teoria dos sistemas, e da análise estrutural de redes sociais. O objetivo era chega a uma forma de estudo que não tivesse nem os problemas da forma sociológica (criticada como estática e falha em observar a dinâmica da rede) e nem da "ciência das redes" (que parece pressupor a conexão entre os atores de forma igual, sem salientar sua qualidade, sua profundidade e suas especificidades, sem levar em conta custo e presumindo a existência do laço social).

4. O Modelo de estudo de Redes Sociais e as Comunidades Virtuais

Os elementos de estudo propostos em trabalho anterior (Recuero, 2005a) poderiam, assim, auxiliar na compreensão do mecanismo de funcionamento dessas redes sociais no ciberespaço. O modelo proposto toma como ponto de partida o estudo da rede social a partir de três elementos: a estrutura, a organização e a dinâmica.

4.1. Organização

A organização de uma rede social compreenderia a totalidade de relações de um determinado agrupamento social. Neste sentido, pode-se dizer que a organização é composta pela interação social que constitui as relações de determinado grupo. Watzlavick, Beavin e Jackson (2000:46) explicam que a interação é "uma série de mensagens trocadas entre pessoas". Neste sentido, a interação é aquela ação que tem um reflexo comunicativo entre o indivíduo e seus pares, como reflexo social. Primo (1998 e 2003) estabelece uma dicotomia para tratar especificamente da interação mediada por computador. Para ele, existem unicamente duas formas de interação neste contexto: a interação mútua e a interação reativa. Estas formas distingue-se pelo "relacionamento mantido" (2003, p.61) entre os agentes envolvidos. Assim:

(...)interação mútua é aquela caracterizada por relações interdependentes e processos de negociação, em que cada interagente participa da construção inventiva e cooperada da relação, afetando-se mutuamente; já a interação reativa é limitada por relações determinísticas de estímulo e resposta (Ibidem, p.62).

Lakatos e Marconi (1999) salientam ainda outro aspecto importante: o da interação social como causadora de processos sociais diversos para um grupo, dependendo de sua natureza. Embora não seja explícito no trabalho das autoras, é perceptível que a interação social, a partir de suas naturezas diferenciadas influencie os processos sociais que culminam em cooperação, competição e conflito.

A interação social, nos blogs pró-Anna e pró-Mia observados tem grande importância. A rede social tem a função crucial de suporte para os distúrbios alimentares e é crucial para as garotas que encontrem suporte e apoio junto a outras, que compartilham do mesmo problema. Embora os weblogs não sejam atualizados com muita freqüência (a maioria das garotas passa por algum tipo de controle dos pais e familiares para evitar o contato com a rede), a cada novo post, é reafirmada a necessidade do contato.

Nossa meus dedos estavam loucos pra escrever esse post é tanta coisa q anda acontecendo q o blog acaba fikando meio abandonado sem contr os blogs das amigas q eu naum consigo mais comentar...10

Do mesmo modo, as solicitações por comentários e apoio repetem-se com freqüência. Aparentemente, a rede social é vista como o elemento de conexão mais importante para as meninas. As pró-anas e pró-mias são generosas e suportam umas às outras com carinho, cooperando para que todas atinjam seus objetivos, deixando recados nos blogs e fazendo promessas umas às outras.

Hei Cristal, to ti fiscalizando viu!!!!!!!!!!!!!!!! E não se desanime nunca ok, afinal de contas já suportamos os primeiros 04 dias, e sabe o que isso significa??? Que não temos outra saida que não seja apenas cumpri-la!!!

A interação cooperativa é o fundamento desta rede social. Além de recados nos weblogs, é fundamental a atuação de algumas meninas, que costumam passar em todos os blogs da rede deixando mensagens de apoio e acabam fortalecendo os laços entre todas.

É mais ou menos isso mesmo quando ficamos com fome nos sentimos mais limpas e leves, mesmo que não seja no sentido literal da palavra, gostei muito do blog e sem falar que dou toda a razão para o que disse no post anterior, é como vc dizer que quer mudar e que os gordos comedores de a~çúcar, não quisesse, beijos e quando quiser apareça! Cristal - enviado em 8/5/2005 18:33:0011

A interação entre as garotas é mútua, cooperativa, e tem o nítido propósito de fortalecer os laços que suportam as comunidade e, consequentemente, os transtornos alimentares. Além disso, a interação não existe apenas nos blogs, embora estes sejam utilizados como um centro de interação principal, porque permitem que as garotas permaneçam anônimas e que todas possam ler-se umas às outras e comentarem, aumentando o suporte e o apoio. Muitas vezes, a interação do grupo migra para outros sistemas, como os softwares sociais (Orkut, Multiply etc.), os sistemas de mensagens (como o MSN ou o ICQ) e mesmo cartas (embora muito mais raramente). Embora existam ataques em interações que tencionam gerar conflito, esses ataques vêm de pessoas externas ao grupo e tendem a fortalecê-lo. Algumas interações competitivas, no sentido de buscar objetivos comuns (quem fica mais tempo no NF12 , quem come menos calorias em um dia e etc.), a maior parte das interações é cooperativa e no sentido de proporcionar suporte e apoio.

4.2. Estrutura

A estrutura de uma rede social compreende aquilo que ela possui de mais permanente, ou ainda, o resultado das interações repetidas. Trata-se de uma sedimentação dessas trocas, que pode ser observada através dos laços sociais e do capital social.

O conceito de laço social passa pela idéia de interação social, sendo denominado laço relacional, em contraposição ao laço associativo, aquele relacionado unicamente ao pertencer (a algum lugar, por exemplo)13 . Os laços associativos constituem-se em meras conexões formais, que independem de ato de vontade do indivíduo, bem como de custo e investimento. Os laços sociais também podem ser fortes e fracos. De acordo com Granovetter (1973:1361), "the strength of a tie is a (probably linear) combination of the amount of time, the emotional intensity, the intimacy (mutual confiding) and the reciprocal services which characterize the tie"14 . Laços fortes são aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma conexão entre duas pessoas. Os laços fracos, por outro lado, caracterizam-se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade.

As interações sociais que ocorrem nos weblogs da rede social constituem efetivamente laços fortes. Declarações de amor, amizade e suporte são freqüentes, demonstrando intimidade.

gente, desculpa por demorar tanto pra postar, mas eh que tá tudo mto corrido aqui... quem fizer parte de algum grupo de discussão pró-anna aí por favor me adicona... to precisando de apoio mais direto... amo vcs! leram?! AMO!15

enviado por: netotchka - hahaha pois é amiga, um absurdo tudo que a midia faz, e pior as pessoas com suas mente mediocres deixa entrar cada palavrinha e ficam estigamatizados com conceitos ridiculos! Bem amo você tambem. LEU? Hiihihihi beijinhos e adoro qndo voce me visita...

Essas interações também demonstram a existência de outra forma de sedimento estrutura, o capital social. O capital social é definido por Bourdieu como "the aggregate of the actual and potential resources which are linked to possession of a durable network of more or less institucionalized relationships of mutual acquaintance and recognition " (1983:248-249)16 . O capital social é, portanto, um conjunto de recursos, que pode ser encontrado a partir das conexões entre os indivíduos de um determinado grupo, pois é conteúdo dessas relações. Como uma relação social, que constitui a forma de produção do capital existe através de investimento e custo para os envolvidos, o capital social que transita e que é produzido através dela, também depende desses investimentos para que possa ser acumulado nos laços sociais (Gyarmati e Kyte, 2004).

Nos weblogs em questão, o capital social acumulado é grande. As garotas investem bastante tempo em escrever o blog e comentar os blogs das outras, contribuindo para o fortalecimento da estrutura de sua rede social. Portanto, o capital social encontrado nessa rede é de primeiro e segundo nível, de acordo com Bertolini e Bravo (2004). O primeiro nível seria associado com características individuais e não coletivas, compreendendo as seguintes categorias: a) relacional - que compreenderia a soma das relações, laçose trocasque conectam os indivíduos de uma determinada rede; b) normativo - que compreenderia as normas de comportamento de um determinado grupo e os valores deste grupo; c) cognitivo - que compreenderia a soma do conhecimento e das informações colocadas em comum por um determinado grupo. Já o segundo nível seria é aquele que só pode ser desfrutado por uma coletividade, portanto, sendo associado a um grupo e a uma maior sedimentação das relações, compreendendo: d) confiança no ambiente social - que compreenderia a confiança no comportamento de indivíduos em um determinado ambiente; e) institucional - que incluiria as instituições formais e informais, que constituem-se na estruturação geral dos grupos, onde é possível conhecer as "regras" da interação social, e onde o nível de cooperação e coordenação é bastante alto. A existência de capital social de primeiro nível é requisito para a constituição do capital de segundo nível (Bertolini e Bravo, 2004).

No caso da rede social objeto deste trabalho, é possível encontrar capital social tanto de primeiro, quanto de segundo nível. O capital social de primeiro nível do tipo relacional é verificado através das interações cooperativas, contendo suporte e apoio, que acontecem entre os membros do grupo, em seus diversos blogs e comentários. Cada novo indivíduo que é aceito pelo grupo passa a ter acesso a todo o capital social relacional constante nele.

Enviado por: the_estrange : Oi querida. Eu não sei se vc se lembra de mim, mais vc já visitou meu bloguinho, á uns dois anos atrás. Assim como vc eu também sinto falta da comunidade de antes. Passa lá no meu bloguinho. bjs lights*17

O capital social do tipo normativo é fundamental e bastante claro. Para fazer parte do grupo, é preciso apresentar-se como alguém que suporta "a causa" (o "estilo de vida" das garotas) ou alguém que sofre do mesmo problema. Lançar algum tipo de julgamento negativo é infringir as regras do grupo e ser excluído do mesmo.

mas e daí nao visito outros blogs pq vcs sao todas doentes e eu tenho preguiça de ler, então acho que só vim postar aqui pq tava na pior, entendeu? pow, meu blog não é arte, é vômito!18

No exemplo acima, a blogueira declara que não lê os outros blogs e que considera todas as outras garotas "doentes". A resposta igualmente agressiva, vem nos comentários:

calma bete, não estou dizendo que você faz arte ou quer aparecer ou etecétera ou porra nenhuma. eu sou aquela que há muito tempo assinava por "dê", foda-se você não vai lembrar e isso não faz diferença. se tá mal, infelizmente nenhuma de nós vai poder fazer muito além de te dar conselhos furados ou passar a mão na cabeça virtual e dizer: ô coitada. é isso que as pessoas fazem. e pra mim nao adianta nada, é a mesma coisa de a gente cair e juntar uma multidão em volta perguntando: melhorou? sem ninguém pra estender a mão. o povo gosta de espetáculo. e nós somos profissionais em palhaçada. ê! viva! menina | 04-04-2005 18:50:45

A blogueira em questão, apesar de, no início do blog, ter recebido vários comentários das garotas da rede social que está sendo apresentada neste trabalho, parou de receber comentários das mesmas após recados agressivos como este. Tornou-se uma pária do grupo.

Além disso, é possível encontrar capital social relacionado ao tipo cognitivo. Informações e dicas sobre como conseguir esconder o problema dos pais, como ingerir o mínimo possível, e mesmo como manter contato com as demais são disponibilizadas com freqüência pelas garotas. Um site foi construído, inclusive, por duas garotas, com orientações para as meninas brasileiras. O site19 é divulgado em seus blogs e referenciado como fonte de informações. No exemplo abaixo, é possível verificar como este suporte cognitivo funciona, na prática. A blogueira abaixo costuma dar dicas de como conseguir "miar"20 :

E uma dica boa para quem quer miar... Sempre faço assim: A comida sai mais fácil se você pressionar o estômago com o braço enquanto força os dedos na garganta. Se vc não tomou líquido enquanto comia vai sair muito pouco dependendo do alimento. Então depois de miar, beba muita água, espre um pouco e mie denovo. Ajuda a sair mais um pouco. 21

O capital social de segundo nível também está presente. Primeiramente, é possível verificar a presença da confiança no ambiente social, a partir do momento que as garotas sabem que, ao colocar seus problemas e seus pedidos de ajuda em seus blogs, receberão suporte e apoio das demais. Da mesma forma, a confiança é fundamental para que as garotas acreditem que não estejam sozinhas, que há outras como elas, que têm apenas "tem um estilo de vida" diferente.

Se ilá[sic], eu tô cansada de lutar por um ideal.. de lutar pelas minhas idéias sabem?? De todos pensarem mal de mi, q sou louca, q sou duente, q sou isso e isso e isso.. sabem?? Acho q vcs já passaram pelo o q eu estou passando, mas isso é só mais um obstáculo, para fortalecer mais a minha relação com a ana!!!! ELA É A COISA MAIS IMPORTANTE NA MINHA VIDA....É O FAMOSO DITADO.."NÃO É A GENTE Q ESCOLHE A ANA...É ELA Q TE ESCOLHE" SOMOS TODAS SORTUDAS POR ELA TER NOS ESCOLHIDO.. EU A AMO EU A LOUVO E GLORIFICO CADA DIA DE MINHA VIDA.. HJ POSSO DIZER Q NÃO SOU MAIS AQUELA PORCA Q COMIA SEM CULPA... HJ SOU FELIZ INTEIRAMENTE FELIZ POR ELA TER ME DADO SUA BENÇÃO.. EU POSSO SENTIR.. POSSO SENTI ELA ME DOMINAR ME CONSUMIR, SINTO ELA EM MINHAS VEIAS EM MEU SANGUE.. EU A AMO!! E NADA E NEM NINGUÉM VAI TIRAR ELA DE MIM!!!! E PODE TER CERTEZA Q ELA VAI ESTAR SEMPRE COMIGO.. ATÉ O MEU FIM... ATÉ EMU ULTIMO SUSPIRO.. ATÉ A ULTIMA HORA DE MINHA VIDA.. SOU GRATA POR ELA EXISTIR POR TODA A MINHA VIDA!! POR TODA A ETERNIDADE! GURIAS MUITO OBRIGADA POR TUDO AMO TODAS VCS.... CONTINUEM COM A ANA.. ELA É A COISA MAIS LINDA E MASI PURA.. ELA NÃO QUER NOSSO MAL ELA SÓ NOS FAZ BEM!! pODEM TER CERTEZA22

A mensagem acima é repetida nos comentários e em vários sites. As garotas afirmam sentirem-se isoladas porque são "diferentes". Com a Internet, no entanto, conseguem criar uma rede social de suporte e apoio, que contribui para que mantenham contato e ajudem-se mutuamente a atingir seus objetivos de peso, ao custo que for necessário. O capital social do tipo institucional é representado por uma estrutura de apoio, dicas e informações, além da criação de websites de suporte à doença. Trata-se de uma institucionalização que apenas é possível através da rede, já que as garotas podem permanecer anônimas e podem utilizar a rede social com alguma discrição.

4.3. Dinâmica da Rede Social

A dinâmica da rede social compreende suas modificações com relação ao tempo. Essas modificações constituem-se também em um padrão importante para a compreensão dessa rede (Thacker, 2004a e 2004b) e devem ser levadas em conta. Essas dinâmicas são dependentes das interações totais que abarcam uma rede (organização) e podem influenciar diretamente sua estrutura.

Inicialmente, a existência de um grande número de interações cooperativas, demonstra que o grupo tem forte capacidade de cooperação, com uma consequente sedimentação da rede e da estrutura social desta rede. Embora o grupo receba ataques freqüentes, por parte de pessoas externas, os ataques parecem fortalecê-lo ainda mais. Deste modo, percebe-se uma tendência a investir na concretização e sedimentação das relações do grupo. Isso é fortemente denotado pela própria necessidade das meninas de utilizar a Internet para manter contato freqüente e pelas reiteradas declarações de amor, amizade e apoio, que acontecem com uma freqüência muito grande.

Junto à cooperação, pode-se observar também grande capacidade de agregação do grupo. Embora novas blogueiras sejam vistas com desconfiança, elas podem ser facilmente aceitas depois de um certo tempo. Com isso, observa-se que a comunidade cresce rapidamente, ainda que muitas não gostem de tal crescimento, dizendo que é preciso fazer uma diferenciação entre as anoréxicas "de verdade" e as que apenas estão tentando "seguir uma moda". A quantidade de comentários também solicitando informações sobre como "ser" uma ana ou uma mia demonstra a capacidade de agregação dessa rede.

Além disso, várias dinâmicas emergentes23 também são observadas. A primeira delas é a capacidade de adaptação do grupo para possíveis problemas que possam impedir as garotas de trocar mensagens via Internet e a auto-organização no sentido de suprir tais falhas. Há vários exemplos de meninas que ficaram sem computador porque os pais descobriram suas mensagens. Quando isso acontece, forma-se uma rede paralela de informações sobre a blogueira ausente. Redes de cartas, que posteriormente são colocadas nos blogs das demais, uso de outros subterfúgios (como trocar de apelido e de endereço) são informados a todas as meninas. Assim, embora pais e médicos procurem impedir essas trocas, as rede social adapta-se e cresce. Outra dinâmica importante é a divulgação de informações e memes, bem como a organização do grupo. Recentemente, uma matéria sobre anorexia e bulimia foi divulgada por um programa jornalístico brasileiro, o Fantástico. As garotas sentiram-se ofendidas e, ao mesmo tempo, expostas ao julgamento externo. Um movimento de contraposição ao modo através do qual a reportagem foi realizada inicidou-se, onde as garotas querem agir "contra a mídia".

Obviamente, não interessa falar sobre "eu levo o rádio pro banheiro para miar" como foi dito no fantástico (quem será q disse isso para eles????), mas sobre pq os nossos blogs são necessários, pq isso dá mais confiança pra gente, deixa a gente melhor.... Só q eu não posso tomar essa atitude, mesmo achando q isso é o certo, sem saber se é isso q as outras pró anas querem. Portanto, estou pedindo permissaõ para iniciar nossa guerra em defesa dos nossos direitos de manifestação e informação sobre nossas próprias enfermidades. =P24

Essas dinâmicas compreendem modos de organizar e da própria rede comportar-se diante das intempéries externas. Como se vê, as dinâmicas demonstram uma certa unidade e estrutura no grupo, com adaptação, cooperação e organização acentuadas.

5. O Modelo de Estudo Redes Sociais e as Comunidades Virtuais

O estudo da organização e estrutura do grupo social em questão traz fortes indícios de que trata-se de uma comunidade. O grupo possui uma organização informal, onde as informações são passadas a todas através de sites e weblogs, apoio e suporte, laços fortes obtidos através de interação social cooperativa e sedimentação das relações sociais através do capital social de primeiro e segundo nível. Tal estrutura social, tão coesa, é normalmente associada à comunidade virtual. Do mesmo modo, a dinâmica também traz indícios de um grupo forte e coeso, pois demonstra cooperação, organização e adaptação. Mas seria uma comunidade virtual?

O termo "comunidade" é uma construção sociológica e evoluiu, através dela, de um sentido quase "ideal" de família, comunidade rural, passando a integrar um maior conjunto de grupos humanos com o passar do tempo. Com o advento da modernidade e da urbanização, principalmente, as comunidades rurais passaram a desaparecer, cedendo espaço para as grandes cidades. Com isso, a idéia de "comunidade" como a sociologia clássica a concebia, como um tipo rural, ligado por laços de parentesco em oposição à idéia de sociedade, parece desaparecer, não da teoria, mas da prática. Rheingold (1996) diz que através do advento da Comunicação Mediada por Computador e sua influência na sociedade e na vida cotidiana, as pessoas estariam buscando novas formas de conectar-se, estabelecer relações e formar comunidades. Por isso, muitos autores optaram por definir as novas comunidades, surgidas no seio da CMC por "comunidades virtuais"25 (Rheingold, 1996; Donath, 1999; Wellman e Gulia, 1999; entre outros).

As comunidades virtuais são agregados sociais que surgem da Rede [Internet], quando uma quantidade suficiente de gente leva adiante essas discussões públicas durante um tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no espaço cibernético [ciberespaço]"26 (Rheingold,1996, p. 20).

Jones (1997) vê dois usos mais comuns do termo "comunidade virtual". O primeiro refere-se simplesmente como comunidade virtual das diversas formas de grupos via CMC, o que ele diz ser uma "comunidade virtual - lugar no ciberespaço". É o que se entende por suporte da comunidade: as classes de grupos de CMC, como por exemplo, um canal de chat ou uma determinada lista de discussão. O segundo explica que "comunidades virtuais" são novas formas de comunidade, criadas através do uso desse suporte de CMC. Ele chama a primeira definição de "virtual settlement" (estabelecimento virtual) e a segunda como verdadeira "comunidade virtual".

A comunidade virtual é, desta forma, um conceito aplicado numa tentativa de explicar os agrupamentos humanos surgidos no ciberespaço. Trata-se de um grupo de pessoas que estabelecem entre si relações sociais, que permaneçam um tempo suficiente para que elas possam constituir um corpo organizado, através da comunicação mediada por computador e associada a um virtual settlement. Mas como essas definições podem ser verificadas a partir da idéia de rede social?

Inicialmente, a comunidade é um grupo de pessoas que interage. No ciberespaço, esta interação se dá via comunicação mediada por computador. A interação que acontece dentro de uma determinada rede é a base do estudo de sua organização. Além disso, a interação acontece em algum "lugar". Na rede, a interação está espalhada pelos nós (os weblogs e seus comentários). Esses weblogs, portanto, constituem-se no virtual settlement da rede social. Essa interação pode ainda ser cooperativa, competitiva ou geradora de conflito. A interação que é cooperativa pode gerar a sedimentação das relações sociais, proporcionando o surgimento de uma estrutura. Quanto mais interações cooperativas, mais forte se torna o laço social desta estrutura, podendo gerar um grupo coeso e organizado. Esse grupo terá grandes quantidades de capital social de primeiro e segundo nível, demonstrando também, a sedimentação dos recursos. Também a presença do interesse comum, como fundamento da estrutura (no caso, o apoio pró-ana e pró-mia) pode indicar a possibilidade de tal grupo constituir-se em uma comunidade virtual, já que estabelece a cooperação como princípio. Por fim, a dinâmica desta rede, como adaptativa, auto-organizada e cooperativa demonstra ainda mais a coesão estrutural do grupo, levando-nos a afirmar que o grupo estudado trata-se, sim, de uma comunidade virtual, a partir dos conceitos demonstrados. Essas dinâmicas, entretanto, podem não ser específicas das comunidades virtuais, mas comuns a várias redes sociais.

6. Conclusões e Apontamentos para trabalhos futuros

O presente trabalho estudou como uma proposta de estudo anterior das redes sociais (Recuero, 2005a) pode ser compreendida em um grupo selecionado (rede pró-anorexia e pró-bulimia), procurando compreender a rede como de estrutura comunitária. Juntamente com isso, o trabalho procurou explorar como a existência da rede social que pode ser contruída através do ciberespaço auxilia que grupos "marginais" na sociedade possam organizar-se e atuar conjuntamente, buscando apoio e compreensão mútua, criando um mundo "quase a parte" do mundo concreto. Ao mesmo tempo que se procurou demonstrar que através do estudo das redes sociais como compostas de uma organização, estrutura e dinâmica e de como esses três elementos apresentam-se na comunidade (interação cooperativa predominante, grande presença de laços fortes, capital social de primeiro e segundo nível, demonstrando sedimentação das relações sociais, e dinâmicas de auto-organização, cooperação e adaptação).

Embora neste primeiro estudo, de forma exploratória, verifique-se que a forma de rede, por ster interação dividida entre os vários blogs, permite que a comunidade se sinta mais "segura" e forte, permitindo também que as garotas entrem em contato e fortaleçam suas convicções pró-ana e pró-mia. Por fim, este trabalho refereiu-se apenas a um estudo de caso específico. Mais estudos são necessários para maiores generalização, inclusive no sentido de auxiliar a compreensão de como a comunicação mediada por computador auxilia a que essas comunidades estabeleçam-se e existam e atuem no ciberespaço, bem como, da eficiência do modelo proposto para outros tipos de grupos sociais.

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Weblogs estudados

1. http://www.sadlife.weblogger.terra.com.br/index.htm

2. http://proannagorda.zip.net/

3. http://ana_forever.blig.ig.com.br/

4. http://katyanna.blig.ig.com.br/

5. http://www.miomesmo.weblogger.terra.com.br/index.htm

6. http://sarahfilth.zip.net/

7. http://anorexics.blogger.com.br/

8. http://ana4life.zip.net/

9. http://miaeeu.blig.ig.com.br/

10. http://anaeanna.weblogger.terra.com.br/index.htm

11. http://www.miabulimia.blogger.com.br/index.html

12. http://brooke_mcqueen.blig.ig.com.br/

13. http://www.antipeso.weblogger.terra.com.br/index.htm

14. http://friendmia.weblogger.terra.com.br/

15. http://www.vidaanorexica.blogger.com.br/

16. http://www.mianne-mel.weblogger.terra.com.br/index.htm

17. http://www.waitingthedeath.weblogger.terra.com.br/

18. http://www.thin_forever.bravelog.com/

19. http://www.noticiasmianna.weblogger.terra.com.br/index.htm

20. http://anna_for_bones.zip.net/

21. http://www.buscandoaperfeicao.blogger.com.br/

22. http://www.culimia.blogger.com.br/

23. http://proanita.weblogger.terra.com.br/


Notas

1 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM/UFRGS) e professora da Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pelotas (ECOS/UCPel). Pesquisadora vinculada ao Núcleo de Pesquisa em Comunicação (NUPECOM) da ECOS/UCPel e ao Grupo de Estudos de Interação Mediada por Computador (PPGCOM/UFRGS).

2 "Ana" e "Mia" são os apelidos que são imputados, tradicionalmente, à anorexia e à bulimia, que remetem à "amigas". Essas redes são consideradas de apoio, suportam a anorexia e à bulimia como "estilos de vida" e não como transtornos alimentares

3 Sigla para Hypertext Markup Language - Linguagem de publicação na Rede.

4 http://www.anorexic.cjb.net/

5 Um grafo é uma representação de um conjunto de nós conectados por arestas que, em conjunto, formam uma rede.

6 Tradução da autora: "Tudo está conectado, nada acontece de forma isolada".

7 Tradução da autora: "A conectividade acontece em todos os lugares e é uma propriedade geral do mundo".

8 Tradução da autora: "As redes são universais e suas propriedades gerais abstratas podem explicar, descrever e analisar uma vasta quantidade de fenômenos".

9 Vide Barabási, 2003 e Barabási e Albert,1998; Watts, 2003 e 1999; ou Buchanan 2002.

10 Post de sexta-feira, 13 de maio, do "Sad Life". <blog http://www.sadlife.weblogger.terra.com.br/index.htm>

11 Comentário no blog <http://www.sadlife.weblogger.terra.com.br/index.htm> no dia 08/05/2005.

12 Sigla para "no food", refere-se ao número de dias em que as meninas ficam sem comer.

13 Breiger (1974: 183-185), inspirado nos trabalhos de Goffman (1971), explica que o laço social pode ser constituído de outra forma: através de associação. Goffman explicava que os individuos eram conectados a outros indivíduos através de relações sociais. Entretanto, a conexão entre um indivíduo e uma instituição ou grupo tornava-se um laço de outra ordem, representado unicamente por um sentimento de pertencimento. Tratava-se de um laço associativo.

14 Tradução da autora: "a força de um laço é uma combinação (provavelmente linear) da quantidade de tempo, intensidade emociona, intimidade (confiança mútua) e serviços recíprocos que caracterizam um laço".

15 Retirado do blog http://katyanna.blig.ig.com.br/., post do dia 07/05/2005.

16 Tradução da autora: "o capital social é o agregado dos recursos atuais e potenciais os quais estão conectados com a posse de uma rede durável, de relações de conhecimento e reconhecimento mais ou menos institucionalizadas, ou em outras palavras, à associação a um grupo - o qual provê cada um dos membros com o suporte do capital coletivo (...)".

17 Retirado dos comentários do post de 13/03/2005 do blog < http://katyanna.blig.ig.com.br/>

18 Post do dia 31/03/2005 do blog "Miabulimia"
<http://www.miabulimia.blogger.com.br/2005_03_01_archive.html#35798353>.

19 Disponível no endereço <http://anorexic.cjb.net/>.

20 No jargão da comunidade, significa vomitar.

21 Post retirado do blog < http://www.antipeso.weblogger.terra.com.br/index.htm>, do dia 25/04/2005.

22 Post retirado do weblog < http://www.waitingthedeath.weblogger.terra.com.br/> do dia 01/04/2005.

23 Trata-se de uma característica dos sistemas complexos (Johnson, 2003) e envolve o aparecimento de padrões de comportamento em larga escala, que não são necessariamente determinados em micro-escala (Monge e Contractor, 2003).

24 Post do blog <http://www.buscandoaperfeicao.blogger.com.br/>, dia 05/05/2005.

25 O uso do termo "virtual" seria pertinente na medida em que, como afirma Lévy (1997:16) "o virtual não se opõe ao real, mas ao atual". O "virtual", para Lévy, seria aquilo que existe em potência, em possibilidade, ainda não realizado. "O possível já está todo constituído, mas permanece no limbo" (Ibidem, 15). É, portanto, aquilo que existe em potência pronto para atualizar-se. A virtualização, portanto, é o "movimento inverso da atualização", a "elevação à potência" da entidade considerada. A virtualização, em Lévy, é caracterizada pelo desprendimento do aqui e agora. É possível, desta forma, utilizá-lo para o conceito de "comunidade virtual", visto que se trata de uma comunidade desprendida de suas raízes atuais, de uma comunidade no ciberespaço, voltada para um desprendimento temporal e espacial.

26 Tradução da autora. No original: "Las comunidades virtuales son agregados sociales que surgen de la Red cuando una cantidad suficiente de gente lleva a cabo estas discusiones públicas durante un tiempo suficiente, con suficientes sentimentos humanos como para formar redes de relaciones personales en el espacio cibernético."


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